quinta-feira, setembro 23, 2010


DOENÇAS PROVOCADAS POR ÁGUA CONTAMINADA


CÓLERA

O que é? 

Doença intestinal infecciosa causada pela toxina do vibrião colérico.

Como se adquire? 

Através da ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes ou vómitos de doentes ou portadores. O reservatório principal é o homem, mas estudos recentes sugerem a existência em frutos do mar. O período de incubação varia de horas até cinco dias. 

O que se sente? 

Inicialmente, surge diarreia aquosa em grande quantidade, com ou sem vómitos, dor abdominal, cãibras; se não tratado prontamente, pode haver piora do quadro com desidratação severa, choque e diminuição da função renal. O leite materno protege as crianças. 
 
Como se previne? 

Existem medidas colectivas que previnem a cólera:

Oferta de água potável em boa quantidade e qualidade
Destino e tratamento de esgotos
Destino e colecta adequada do lixo
Manejo adequado dos cadáveres
Controle dos portos, aeroportos e rodoviárias.

A higiene dos alimentos, a lavagem vigorosa das mãos e outros procedimentos básicos de higiene contribuem para a prevenção.
Nos casos de pacientes hospitalizados, deve haver isolamento dos mesmos com processamento das roupas, fezes e vómitos.


AMEBÍASE

O que é? 

É uma infecção por parasita ou protozoário que acomete o homem podendo ficar restrita ao intestino, tendo como principal sintoma a diarreia, ou não causando febre e sintomas diferentes dependendo do órgão “invadido”. Mais frequentemente o órgão preferencial a ser comprometido é o fígado. O agente causal é a Entamoeba hystolitica. Este parasita infecta aproximadamente 1% da população mundial, principalmente a população pobre de países em desenvolvimento. Recentemente identificou-se um parasita com a mesma forma da Entamoeba hystolitica que não causa doença (Entamoeba díspar). Isto é importante porque o achado da ameba nas fezes de um indivíduo não necessariamente caracteriza amebíase. A E. díspar não é causadora de doença e a hystolitica pode estar presente no indivíduo e não causar doença. A diferenciação de uma para a outra é feita por exames de laboratório e raramente se mostra relevante.

Como se adquire?  

Através da ingestão de alimentos ou água contaminada com matéria fecal contaminada com os cistos da Entamoeba. Pode-se adquirir de outras formas, mas são bem menos frequentes e estão restritas praticamente a pessoas com a imunidade comprometida.

 
FEBRE TIFÓIDE


O que é?  

A febre tifóide é uma doença infecciosa potencialmente grave, causada por uma bactéria, a Salmonela typhi. Caracteriza-se por febre prolongada, alterações do trânsito intestinal, aumento de vísceras como o fígado e o baço e, se não tratada, confusão mental progressiva, podendo levar ao óbito. A transmissão ocorre principalmente através da ingestão de água e de alimentos contaminados. A doença tem distribuição mundial, sendo mais frequente nos países em desenvolvimento, onde as condições de saneamento básico são inexistentes ou inadequadas.
 
Transmissão  


A S. typhi causa infecção exclusivamente nos seres humanos. A principal forma de transmissão é a ingestão de água ou de alimentos contaminados com fezes humanas ou, menos frequentemente, com urina contendo a S. typhi. Mais raramente, pode ser transmitida pelo contacto directo (mão-boca) com fezes, urina, secreção respiratória, vómito ou pus proveniente de um indivíduo infectado.
A acidez gástrica é o primeiro mecanismo de defesa do organismo contra a S. typhi. Quando consegue resistir à acidez do estômago, a S. typhi chega ao intestino delgado, onde compete com as bactérias da microbiota normal do intestino. Se sobreviver, a S. typhi invade a parede intestinal e alcança a circulação sanguínea. A presença da bactéria no sangue determina o início dos sintomas. A S. typhi pode invadir qualquer órgão e multiplicar-se no interior de células de defesa (células fagocitoses mono nucleares), sendo mais frequente o acometimento do fígado, baço, medula óssea, vesícula e intestino (ílio terminal). O tempo entre a exposição e o início dos sintomas (período de incubação) pode variar de 3 a 60 dias, ficando entre 7 e 14 dias na maioria das vezes. A infecção pode não resultar em adoecimento.