sábado, agosto 28, 2010

ENTREVISTA COM SÔNIA ULBRICH


ENTREVISTA COM SÔNIA ULBRICH


 Química especialista em análise e controle de qualidade de água




Piscina: Responsabilidade pelo lazer

Sônia Ulbrich* , química especialista em análise e controle de qualidade de águas, fala sobre cuidados com a água da piscina
SÍNDICONET: Quais doenças podem ser transmitidas pela água da piscina?
SÔNIA ULBRICH: Os principais meios de contágio são por ingestão, caso da cólera, febre tifóide,  tuberculose, esquistossomose; u  por contato com mucosas e pele, como conjuntivite, otites médias agudas, sinusites, leptospirose, micoses e outras. 

SÍNDICONET: Quais cuidados que o síndico pode tomar?
SÔNIA ULBRICH: É necessário que o síndico exija, de seus funcionários responsáveis, a manutenção de um tratamento adequado, orientado por um profissional especializado. Ele vai traçar um procedimento de tratamento específico, levando em conta as condições da piscina, e que deverá ser seguido rigorosamente, visando uma água bonita e impecavelmente cristalina, saudável e segura para a saúde dos banhistas. 

SÍNDICONET: Cloro demais pode fazer mal?
SÔNIA ULBRICH: Pode, pois o cloro em excesso pode ser tóxico, laxativo e irritante. É necessário que seja mantido um teor de cloro na água das piscinas, para garantir uma desinfecção. Porém, para que haja uma segurança no processo de cloração, convém que as pessoas envolvidas neste processo sejam esclarecidas sobre a ação e a função da cloração, sobre unidades de volumes e sobre a diferenciação de cloro residual total e livre.
A função do cloro é a de destruir ou inativar em tempo razoável os organismos patogênicos e a de produzir um residual persistente  para constituir uma barreira sanitária contra eventuais contaminações.  

SÍNDICONET: Qual a frequência ideal de tratamento de água da piscina? Qual o melhor horário?
SÔNIA ULBRICH: Só a experiência é que poderá ajudar na elaboração de um plano de rotina de tratamento da água de cada piscina específica, pois alguns fatores precisam ser levados em conta, tais como: uso e finalidade a que se destinam, qual o suprimento de água, qual o tipo de acabamento, se é aquecida ou não, se é interna ou externa, qual a frequência de utilização, número médio de banhistas diários, condições climáticas.
Quanto ao horário, por uma questão de comodidade, convém que seja efetuado o tratamento sempre nas primeiras horas do dia, e em se tratando de cloração, também pode ser adotado um horário ao entardecer, para evitar perdas por evaporação.

SÍNDICONET: Quais os procedimentos básicos de tratamento?
SÔNIA ULBRICH: Um tratamento básico de piscina consiste de: tratamento físico (filtração, aspiração, escovação, peneiração, limpeza de bordas e limpeza das áreas adjacentes), tratamento químico (consiste na adição de alguns produtos químicos que atuam como auxiliares na remoção de impurezas), desinfecção (que é a destruição ou inativação de microrganismos prejudiciais presentes na água) e o controle dos parâmetros (medições diárias de temperatura, pH, cloro residual livre e análises periódicas da água).

SÍNDICONET: O que é controle bacteriano (o mesmo que contagem bacteriana), tornado obrigatório em 1998 para piscinas de uso público no Estado de São Paulo?
SÔNIA ULBRICH: A contagem bacteriana é feita em laboratórios especializados. Quando for detectada a presença de bactérias em números elevados na água, é obrigatória uma desinfecção apropriada, o que em alguns casos pode envolver uma supercloração da água. Somente através de um bom tratamento, e da manutenção adequada da cloração, é que se consegue obter água em excelentes condições de uso.
Convém lembrar que é importante e necessário manter a água adequadamente clorada nas 24 horas do dia, e não somente nos horários de uso. Isso porque a ação do cloro é em função de sua concentração e do tempo de contato com a água, formando uma barreira sanitária.

SÍNDICONET: Seria interessante requerer exame médico para freqüentar as piscinas do condomínio?
SÔNIA ULBRICH: Mais que a exigência de exames médicos, é importante que sejam estabelecidas regras para o uso das piscinas, bem como sejam lançadas campanhas elucidativas, com o intuito de conscientizar os usuários sobre a importância de se manterem afastados das piscinas diante da menor suspeita de alguma enfermidade infecciosa, ao sinal de febres, manchas na pele.

SÍNDICONET: O uso de bronzeadores deteriora a qualidade da água? Qual o risco envolvido?
SÔNIA ULBRICH: Além de deteriorar a qualidade estética das águas, os bronzeadores podem promover em certas pessoas reações alérgicas com algum componente da fórmula. Fundamentalmente, os bronzeadores dificultam o tratamento e aceleram o processo de deteriorização dos equipamentos, através de corrosão e incrustrações.
Fonte: SíndicoNet